quinta-feira, 17 de junho de 2010

Quando nessa manhã acordou, mais cedo ainda do que habitualmente acontecia, cheirou-lhe logo…. Já o conhecia há mais de quarenta anos. De repente aparecia, sempre forte, intenso, meio ácido e agreste, uma mistura forte de amêndoas amargas com cinza e terra queimada, molhada… Talvez por isso soube logo que aquele dia iria ser um dia muito mais do que quente, um dia em que o calor quase lhe queimaria a boca e secaria os lábios, um dia em que o cheiro o atormentaria, lhe provocaria náuseas, arrepios, um dia em que teria de pôr as galinhas à sombra e em que teria de regar a pequena e nova macieira que de repente lhe nascera no quintal. Esta nascera assim como que de repente, sem se dar conta de como nem porquê, sem ser semeada nem plantada. Uma manhã reparara melhor no castanho rugoso do chão e um pequeno tronco como que saído do nada sorrira-lhe com as suas folhas tenras parecendo que também elas vinham já impregnadas do cheiro…

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